Por Saulo Barbosa
David Carson é um designer gráfico norte americano, nascido no dia 8 de Setembro de 1956 no Texas, Estados Unidos. Viveu em diferentes cidades e países na época do colégio e ao final dos anos 70 era um surfista profissional, oitavo do ranking mundial. Formou-se em Sociologia, em 1977, na Universidade do Estado em San Diego, Califórnia. De 1982 a 1987 lecionou na Torrey Pines High School sociologia, psicologia, economia e história. Em 1983, teve sua primeira aproximação com o Design Gráfico. Aos 26 anos foi cursar na Suíça, mas especificamente na escola Rapperswil, um curso voltado ao design, com duração de apenas três semanas, que foi o suficiente.
Seu trabalho é caracterizado por uma aparente desordem, irracionalidade e falta de coerência. O modo como usa a tipografia deixa clara sua falta de preocupação em relação à legibilidade, padrões e grids, porém o que parece ter sido colocado aleatoriamente acaba se relacionando intensamente com os outros elementos presentes. Todas as suas obras são ricas em apelo gráfico e têm um cunho extremamente autoral graças a sua maneira inconfundível de combinar elementos tipográficos e fotografia em composições.
Em 1983, David Carson foi para a revista TransworldSkateboarding para trabalhar como diretor de arte. A revista trouxe experimentações em layout e tipografia que quase dissociavam o conteúdo editorial do projeto gráfico, tamanho o caos que reinava nas edições.
Após a experiência da Transworld e de ter participado de outros projetos de menor porte, em 1990 chefiou o desenvolvimento das páginas da revista de lifestyle e música Beach Culture. Considerada o ápice criativo de Carson, a revista foi extinta em sua sexta edição, recebendo mais de 150 prêmios de design gráfico no mundo inteiro.
O estrondoso sucesso da Beach Culture fez com que o designer privilegiasse a não imposição de qualquer tipo de grid, além da liberdade de criação: foi aí que Marvin Scott Jarrel cruzou seu caminho e, juntos, conceberam o que se tornaria a hecatombe do design em escala comercial.
A RayGun trazia conteúdo musical. Uma das máximas de Carson na execução de seu trabalho: “A intuição é instrumento da invenção”. David Carson conta que, enquanto trabalhava na revista, não imaginava que mudaria as concepções de design gráfico em tão larga escala.
Uma das derivações desse ciclo de produção foi uma empresa de fontes para atender à demanda tipográfica das páginas da “RayGun”, a Garage Fonts, que hoje exerce atividades independentes da revista, da qual o designer se desligou em 1996.
A essa altura, o californiano já havia adquirido status de estrela no mundo do design gráfico, assim como seus contemporâneos Neville Brody e RudyVanderlans.
Caciques do mundo capitalista como Coca-Cola, Nike, AmEx, Citibank, etc, tiveram reformuladas por ele suas identidades visuais, publicidade impressa e comerciais.
Nos seus trabalhos para empresas ou nas páginas de revistas como a porto-riquenha “Surf in Rico” e a brasileira “Trip”, Carson recorre a um mosaico de inspiração que inclui música, grafite, pichações, a vida praiana e as suas inúmeras viagens. “Para ser bom designer, no entanto, não é necessário rodar o mundo, mas ter no mínimo variadas experiências de vida”.
A referência ao sortimento de situações pelas quais já passou é marcante em seu trabalho. Além das viagens, que oferecem “o prazer de conhecer novas culturas e de estar em contato com climas propícios à criação” a prática do surf e sua energia são drenadas para seu design.
Carson não se sente atraído pelo web design. “Acho que, em relação ao design gráfico, o webdesign perde muito de sua força, fica confuso, não segue uma direção muito clara. Além disso, perde-se uma considerável energia no processo, conduzido por softwares mal resolvidos, que coíbem a liberdade de implementar elementos na página, por conta de caixas invisíveis! ”. Mas essas novidades não parecem muito atrativas. Quando questionado se não tem receio de perder espaço no mercado devido ao crescimento da Internet - onde, segundo ele próprio, tudo está baseado – Carson dá de ombros.
No estúdio de Nova York, onde trabalha com outras duas pessoas, o designer atende ao telefone, negocia e centraliza as decisões. Esses são alguns dos motivos pelos quais Carson justifica sua falta de tempo para se dedicar ao desenvolvimento de projetos para a Internet.
O designer-surfista acha difícil que aconteça um segundo “boom” no design, como o que ele mesmo detonou, há vinte anos. Atribui à globalização e o surgimento de novas mídias uma quase impossibilidade de não repetir o que já foi feito no meio impresso. É esse o tema de um dos seus livros, “The Endof Print”, cujo título foi tirado de uma conversa com Neville Brody. Carson foi um dos designers mais influentes dos anos 90 e sua linguagem ainda hoje é modelo para geração de designers que adotam um posicionamento mais contemporâneo na forma de comunicar e de se fazer design.
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